sábado, 28 de julho de 2012

O medo, segundo o ministro Calvo

"O medo é motor indispensável à civilização.
Agente potente, bem oleado, bem afinado, bem conduzido, permitirá o progresso económico. Não  controlado, este movimentador de massas tornar-se-á um adversário. Inimigo em vez de amigo. Uma bomba temível, que fará a política resvalar para campos lodosos e encravar engrenagens. O Governo deve ter isto em atenção. E analisar com argúcia todos os seus componentes e peças; do pequeno receio ao grande terror; da cautela particular ao pânico geral. É examiná-los, testá-los, pô-los em movimento a todos. Lubrificar o medo. Realizar experiências. Trabalho de oficina. Para do medo retirar-mos o máximo lucro. E o rápido avanço. Está mais que provado: o amor é inútil, só atrasa, não dá lucro. E é talvez o maior adversário de toda a política.
Assim e, antes de qualquer tomada de decisão, este Governo deverá ter sempre presente, como auxiliar formal e pedagógico às suas ideias e leis, os números, as tabelas, enfim; os consumos do medo.
O que mais teme o povo?
Deverá ser a primeira questão."

In "Piano para cavalos altos" de Sandro W. Junqueira

Continuo a ler...

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