quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Alexandre O' Neil

Decorrem 27 anos sobre a morte daquele que para mim é um dos maiores poetas portugueses do pós Pessoa, morte prematura aos 62 anos, e atroz. Mordaz a sua poesia, sempre atravessada pela ironia, o sarcasmo ou a visão melancólica do Portugal do seu tempo e do futuro, e assim se dirigia, em 1962, aos vindouros da nossa "quadrupedopodia"... e vejam como "adivinhou"... "Aos Vindouros, se os Houver... " Vós, que trabalhais só duas horas a ver trabalhar a cibernética, que não deixais o átomo a desoras na gandaia, pois tendes uma ética; que do amor sabeis o ponto e a vírgula e vos engalfinhais livres de medo, sem peçários, calendários, pílula, jaculatórias fora, tarde ou cedo; computai, computai a nossa falha sem perfurar demais vossa memória, que nós fomos pràqui uma gentalha a fazer passamanes com a história; que nós fomos (fatal necessidade!) quadrúmanos da vossa humanidade. Alexandre O'Neill, in 'Poemas com Endereço'

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