domingo, 14 de junho de 2015

Tempo para pensar

Um domingo chuvoso, onde o chapéu a usar é o de chuva. Um bom tempo para fazer trabalhos em casa, para ler, estudar ou conversar. Pode ser também um tempo para pensar.  Há tanta coisa para pensar, a começar pela nossa relação com os que partiram, a minha médica de família publicou hoje um post no Face acerca disso, onde ía buscar um poema de Pessoa. É claro que os médicos têm aí uma relação mais intima com a morte, e julgo que será mais dessacralizada, a morte como fim de um processo de que faz parte. Mas para quem tem uma relação particular cada morte é uma tragédia pessoal relativamente à qual nos envolvemos. Eu que perdi alguém muito próximo sei bem como isso nos toca e nos provoca as reacções mais díspares, e nesse ponto a opinião dos outros conta pouco. Uma perda é uma perda a cem por cento, é um percurso que é todo interrompido, deixa de ser percorrido, mudar de caminho, para quem fica. Para quem parte não há mais caminho, mais nada a ver, a acompanhar. Pode ter sido uma pessoa especial, um actor, um operário, um prémio Nobel, a morte tudo interrompe. Recordei agora velhos tempos pois faleceu alguém que eu não conhecia pessoalmente mas era uma pessoa pública, irmão de uma velha amiga, e ex-marido de uma outra, e embora dele separada há mais de 30 anos, ainda se-lhe referiu com tristeza. O tempo de chuva faz pensar nestas pessoas a quem a chuva já não molha.

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