Parece que a partir de Setembro vamos ter algumas alterações, nas taxas moderadoras, de que já falei, mas também das comparticipações em medicamentos, meios auxiliares de diagnóstico, e outros mimos.
Entre os afectados estarão os chamados "doentes crónicos", que deverão pagar, no caso de estarem acima do salário mínimo, pois prevalece a ideia de que estes são assim uma espécie de "parasitas crónicos", que decidiram viver à custa do erário público.
Desde logo quem tem salário mínimo, ou pensões de 200 euros, não venham com demagogias, nem com todas as isenções do mundo conseguem cuidados de saúde adequados, pois não se oferecem medicamentos, não se marcam consultas em tempo útil nem se fazem cirurgias, a menos casos de vida ou de morte, em prazos razoáveis.
Quando aos tais "crónicos", grupo no qual eu me insiro, vamos ver como é, se se resiste à ideia de passar do 8 ao 80. Pois apesar do que se diz, mesmo estes já têm muitos encargos, pois a suas doenças são permanentes, incapacitantes e muitas vezes não se compadecem com certos prazos do SNS. Vejamos alguns exemplos retirados da minha realidade para ver o que é "viver à custa dos contribuintes". Duas vezes por mês vou a uma consulta a Lisboa (da qual poderia pagar taxa moderadora), mas para lá ir gasto 130 euros de transporte, pois foram retiradas as comparticipações de deslocação, assim 260 euros já lá estão. Nessa consulta faço 4 exames auxiliares de diagnóstico, que obrigariam a 4 taxas moderadoras, cujos valores actuais desconheço, pelo que teria de pagar no mês 10 taxas moderadoras diferentes. Quanto a medicamentos, alguns são comparticipados a 100% outros não. Aqueles que têm essa comparticipação são os que têm efeito imunosupressor, tomados sob risco de morte se houver falha, e custariam 150 euros uma embalagem para 15 dias. Também são fortemente comparticipados os medicamentos diabéticos, cujo consumo é enorme, desde insulina (grátis), tiras de teste (21 euros para 15 dias), lancetas. Caso se terminasse com essa comparticipação teríamos de pensar em talvez acima de 500 euros mensais nesta medicação.
Depois há consultas que pelo SNS é impossível obter em tempo útil. Assim uma comsulta de Urologia pedida em Março nem resposta ainda teve, idem para Ortopedia em Maio. A solução é ir ao privado, onde se paga entre 60 e 70 euros.
Resumindo, este o nível de despesa do tal "parasita crónico". Poderá aproximar-se perigosamente dos 1000 euros mensais nas diversas rubricas. Pergunta-se, para quem durante a vida fez descontos mensais de centenas de contos, na altura, é aceitável no momento em que mais precisa ser posto a pagar tudo a 100%.
Espero que haja bom senso. Pagar, até pode ser, mas devagarinho e com bom senso...
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