quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A dama de ferro

Vi ontem num dos cinemas da Guia, Algarve. Fica a enorme interpretação de Meryl Streep, mais um papel feito para se ganhar Oscar, desempenhado pela actriz que já teve 17 nomeações para melhor papel principal, tendo ganho 2 em "Kramer contra Kramer" (1979) e "A escolha de Sofia" (1982). Quanto ao filme vale a pena ver, mas sem alimentar grandes expectativas. Nem critico nem apolagético, uma imagem passada de alguém que subiu na vida a pulso e com trabalho e persistência, tudo para ser uma "Labour", mas a história familiar e o contacto com a vida tornou-a uma "Torie" dos sete costados, conservadora, autoritária, que governou de 79 a 90, com mão de ferro um país destroçado por uma situação económica catastrófica, saído da grande crise que conduziu à violenta greve de mineiros, a guerra na Irlanda do Norte e a das Falklands.
O filme está muito centrado na MT dos dias de hoje, uma octogenária resingona, em processo de demência galopante, que vive entre a realidade e as sombras de um passado carregado de traícões, desconfianças, decisões duras, arrogância, uma vida familiar ausente, uma vida de solidão, passada num mundo totalmente masculinizado, e onde a mulher tinha guardado para si o ferro de engomar ou servir o chá das cinco. Penso que isso torna o filme menos interessante, e talvez MT merecesse melhor abordagem, pois para o bem ou para o mal influiu no mundo que a rodeava, e deixou uma marca, mas o filme não se posiciona, pretendendo uma solução mais fácil. Quem for á espera de uma grande abordagem (tipo " A Rainha" , por exemplo) talvez saia um pouco decepcionado.
Facto curioso, na última cena do filme vemos uma octogenária com dificuldade, a lavar a louça. Provocação ou resumo do que poderia ter sido a sua vida e não foi...

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