segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Consultas destrutivas

Ainda a propósito de 3ª feira passada numa das consulta a que fui. O homem é um barra, ao que parece é mesmo, mas ao anunciar ao doente uma terapia será melhor assustá-lo com todos os riscos dessa terapia, sem valorizar adequadamente as vantagens, será essa a forma de injectar esperança, será o tal realismo. Pôr em causa a eficácia dos meios que eu, embora com limites do meu real conhecimento, sabia já poderem falhar, não será assustar? Assustar será o mesmo que consciencializar o doente dos riscos que corre? A estratégia do copo meio vazio será a melhor?
Na prática só conseguiu colocar-me rastejando, e só pouco a pouco fui erguendo a cabeça. Porque é que não ensinam a estes super especialistas um pouco mais de humanidade no trato?

2 comentários:

  1. Caro Amigo Carlos
    Os seus Post, deveriam ser compilados e entregues a Alunos de Medicina.
    As suas questões são correctas e coerentes, mas tal como os Licenciados noutras áreas que se encontram a dar aulas, não tiveram uma cadeira de Pedagogia, também os Médicos que acabam a Faculdade, a Especialidade ou o Doutoramento, não aprendem a arte de comunicar e da relação com os que sofrem.
    Muitos inclusive até se chateiam porque o coração que tão bem sabem tratar, esta dentro de um corpo, de alguém que pensa, sente, sofre e até parece um ser humano.
    Talvez que os Médicos devesse efectuar um Estágio como doentes, para conseguirem entender o que é estar na “pele do outro”.
    E se não se conhece o significado de palavras como sensibilidade, compaixão e empatia não se consegue comunicar de forma assertiva, até porque a Comunicação Médico/ Doente, também é uma forma de terapia.
    Mas, e há sempre um mas….. por vezes os Doutores também têm medo, nomeadamente de fracassar.
    Porque na Universidade, ensinam-nos que “doente que não se cura = fracasso médico”.
    E ninguém quer ser um fracasso, nomeadamente se for um “Super Especialista”.
    Então, esconde-se o medo por de traz de frieza, desprendimento e arrogância.
    E em vez de sossegar o doente, tenta-se lhe entregar o resultado do acto, de forma a que se não for o melhor, não o sentir como só seu.
    O ser humano é muito complicado.
    Um Abraço,
    Ana Maria

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  2. Olá Carlos, Quando voltar aqui ao seu Blog, quero dizer-lhe que ... a verdade é só uma, mas a forma como a expressamos faz toda a diferença; e transforma mesmo o que é óbvio em algo inaceitável, como penso que foi o caso dessa consulta. Um beijinho e todas as minhas energias positivas para si!!
    Cláudia

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