quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E assim acontece


Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho. Dificilmente alguém neste país pode ter passado ao lado deste "monstro" da comunicação, goste-se ou não do seu estilo comunicacional, e confesso que não era dos meus preferidos, na sua voz pausada e em que as palavras eram pronunciadas uma a uma. Não interessa!!! o que interessa é que este homem fez mais pela cultura em Portugal que todos os intelectuais e pseudo-intelectuais juntos.

Vi-o em público em Junho deste ano, numa sessão organizada pela Biblioteca Municipal de Lagoa, e recordo a sua verve fácil, o interesse das suas palavras, algum humor velado nas suas intervenções. Eu próprio tive oportunidade de lhe fazer algumas perguntas a que amávelmente respondeu, como a todas as outras que lhe fizeram. Exemplo de gentileza, um "gentleman", mesmo quando criticava. Desde que um senhor para quem a cultura se resume ao boxe disse "se queremos dar cultura aos portugueses, mais vale pagar uma volta ao mundo a cada potuguês do que pagar o programa Acontece" que este homem banido da TV se dedicou a divulgação cultural em rádios locais, sempre ao serviço desta causa. Os artistas deviam estar-lhe todos agradecidos, e só em Portugal é que um comunicador desta dimensão se encontrava fora das quatro estações generalistas, e das outras em sinal fechado.

Aconteceu agora o que não devia ter acontecido, e ainda por cima no 3º andar de S.Marta, aqui mesmo por cima ao local onde me encontro. Deixa-nos uma grata lembrança.

2 comentários:

  1. Caro Carlos,
    Concordo plenamente.
    Um homem culto e um comunicador nato.
    Gentil, mas não servissal, por isso o tentaram colocar à margem.
    Mas pessoas assim, vensem sempre, mesmo sem ajuda.
    Um abraço,
    Ana

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  2. Justa homenagem que lhe presta!

    Ainda por cima num momento em que 'pseudo-jornalistas' como a Manuela Moura Guedes, se acham grandes vultos da comunicação, e planeiam voltar a encher os telejornais de 'ruído'!...

    No fim, as audiências é que mandam. E isto leva a que muitas vezes o melhor, o mais completo, o pensamento crítico mais notável, fiquem de fora ...

    Neste aspecto, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa tem conseguido ser a excepção que infelizmente confirma a regra.

    Resta acrescentar que Carlos Pinto Coelho era ainda comendador da Ordem do Infante D. Henrique (2000) e oficial da Ordre des Arts et des Lettres (2009)[1]. Recebeu o Prémio Bordalo, na categoria de Televisão, pela Casa da Imprensa (1995), o Grande Prémio Gazeta, do Clube dos Jornalistas (1997), e o Prémio Carreira Manuel Pinto de Azevedo Jr., d' O Primeiro de Janeiro (2002).

    E merecia muito mais!

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