quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O estar, o ser e o esperar


Neste momento em que me sinto bem, mais de que "esperar", previligio o "estar" de acordo com o meu "ser", o meu modo de existir e de ver as coisas que me rodeiam.


Deixei de olhar a porta à espera da grande notícia e passei a organizar o meu dia, sem contar com nada.


Inicio pelas 7h30, quando me acordam para os primeiros controlos e terapias, e ouço rádio até cerca das 9hoo, quando é servido o pequeno almoço, e continuo a ouvir rádio até cerca das 10h00, hora que, em média, vou ao banho, por meu pé mas com ajuda de um auxiliar, que me apoia da melhor forma.


Regresso e vou directo para o cadeirão, onde toda a fieirada é ligada, para que não fuja deste local aprazível. Então escrevo o meu diário manuscrito, um balanço da véspera e uma projecção do dia, para que nada esqueça dos factos passados. Em geral desse diário sai uma ideia para o blog que escrevo de seguida. Pelo meio servem um iogurte que como com frutos secos. Consolador!!!


Se tiver tempo posso ainda ler umas páginas até ao almoço, servido pelas 13h15.


Aí procuro ver os diversos noticiários generalistas e do cabo até cerca das 15h, hora a que me deitam para uma sesta que pode durar até ao lanche, 16h30, ou não durar nada, se não adormecer, o que por vezes sucede.


Do lanche em diante leio na cama, até cerca das 18h; posso também ver algo na net. Pelas 18h levantam-me e vou ficando no cadeirão a ler até ao jantar, ou até à chegada de alguma visita, o que ao jantar sucede sempre. O jantar é servido pelas 19h15, e a partir das 20h até às 22h, volto aos noticiários, e tenho visto os debates presidenciais, devendo ser dos poucos eleitores que têm visto esses debates (salvo os jornalistas e os comentadores), tal o nível de interesse que suscitam.


Por essa hora deitam-me e pelas 22h30 vem um chá e os comprimidos, nos quais se incluem a pílula milagrosa que me faz dormir.


Pelo meio e sem hora prevista temos ainda 15 minutos de fisioterapia (de manhã em geral), e um tempo variável de conversa com a psicóloga, bem como uma verdadeira "visita de médico" diária, que pode demorar de 1 a 5 minutos.


Esta é a minha organização do "trabalho" diário, como se estivesse num escritório . Se pelo meio vier a notícia que espero, melhor, mas a espera saiu da minha rotina.


Este escritório tem, no entanto, uma particularidade. O empregado está preso à parede, como nos tempos da Inquisição os presos eram agrilhoados às paredes húmidas das masmorras.


Bem, também não exageremos...

3 comentários:

  1. Caro Amigo Carlos,
    Que rica rotina, de um "preso" de porta aberta.
    Tal como os outros presos, tem a mente livre, um poco presa, a uma espera que deves enquanto, la vai espreitando, na mente que se quer ocupar.
    Tirando a espera e a prisão, temos vida de Lord.
    Estadia de Principe, na sala de espera de uma vida mais saudável.
    Para alem da sua brilhante inteligência, dou graças pela informação que vai dando.
    Para quem não trabalha no ramo, pudera ser banal.
    Para mim, é aprender todos os dias,como estudar o ser humano doente, da forma mais didádita.
    Muito obrigado por me premitir aprender consigo.
    Para mim é um Mestre do Ser humano.
    Um Abraço,
    Ana

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  2. Olá sr. Carlos!

    Desejo-lhe um Natal cheio de esperança e muita tranquilidade.
    Natal é quando um homem quiser. Portanto virão muitos e muitos Natais felizes.

    Feliciana

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  3. Caro Amigo Carlos,
    Com um Abraço, desejo que Deus se lembre do que for melhor.
    Aqui de longe, envio este presentinho:

    http://www.youtube.com/watch?v=neOX4e82nEw

    BOM NATAL,
    Ana

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