domingo, 30 de março de 2014

O meu 25 de Abril (31)

Já aqui referi através dos Cadernos D. Quixote, o contributo desta editora, entre muitas outras, e de Snu Abecassis, para um ambiente mais esclarecido, mais informado, e o combate que travou através da sua editora, contra o obscurantismo. Hoje quero referir uma outra iniciativa da D.Quixote, para pôr na mão de muitos portugueses autores que ou não estavam disponíveis, ou não tinham tido acesso ao grande público de uma forma tão vasta, e sobretudo tratando-se de poesia. Estou  falar dos "Cadernos de Poesia" que a editora começou a publicar no inicio dos anos 70, e que permitiu de forma sistemática fazer chegar ao grande público, autores valiosos, portugueses e estrangeiros, através de uma edição barata, com formato popular, e sem constrangimentos. Uma iniciativa desta editora, que publicou os maiores escritores contemporâneos nesses pequenos cadernos, deste Carlos Oliveira, Alexandre O´Neil, Vinicius de Morais, Ramos Rosa, Ruy Belo, Natália Correia, entre muitos outros. As capas eram coloridas, a edição cuidada, salientavam-se quando colocados nas montras das livrarias, e nessa altura havia "mesmo" livrarias, e não "supermercados de livros", onde donos de livrarias procuravam fazer o "marketing" do seu produto, e custavam entre 20 e 25 escudos cada livrinho, em média com 100 páginas. Foi mais um contributo para o meu 25 de Abril, pois gente que lê poesia é gente melhor, mais livre, com mais pensamento, pois a poesia forma a sensibilidade do leitor, coisa que a ditadura dispensava. Para essa gente, saber as quatro operações básicas, ler e contar até 10 seria cultura mais do que suficiente. Poesia era só para formar mais agitadores...

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