sexta-feira, 17 de agosto de 2018

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Os últimos dias têm sido de arrasar. Mistura de sentimentos contraditórios, contradições, dúvidas, falsas certezas, rejeição e afastamento. Depois caiu tudo quando a presença de outra pessoa, a mãe, só complica. A paciência vai-se, o tempo é devorado em tarefas do quotidiano, e a saúde afinal nem ajuda. Finalmente no meio de tudo isto a minha organização esvai-se, o tempo contrai-se, a vida esboroa, e tudo aponta para a espiral depressiva. O calor também chateia, e o que poderia ser um belo dia de praia, é apenas um pretexto para a sombra, para a retração e para o inchaço. A questão é sempre a mesma, a solidão de quem põe o braço fora da água, e não sente a presença de qualquer embarcação. Complicado, sim, mas nada que o tempo não acabe por ajudar a resolver. A questão é que tudo foi demasiado rápido, demasiado imprevisivel, demasiado para alguém com principios de vida sólidos, e uma ética estupidamente obsoleta. Claro aceito tudo como mais uma dádiva, mais uma experiência, mais uma prova de resistência que Deus está-me proporcionando. E já foram tantas que nem teria de me admirar. Estou a aproximar os sessenta e seis, e se as estatisticas fossem a lei de Deus só teria mais cinco anos de vida. Felizmente ou não, as estatisticas são apenas estatisticas e Deus está-se nas tintas para elas. Veja-se o meu amigo Vitor, qual seria a probabilidade de morrer aos 64 ? E desde ontem ele lá está, chamado à Sua presença. Vamos aceitar e esperar. Deus tudo vê e tudo aprecia.

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