domingo, 12 de agosto de 2018

Domingo de Alarcón

Quem me conhece bem, e muito poucos incluo neste grupo restrito, sabe que gosto muito de ciclismo, eu próprio dei umas pedaladas em BTT, quando nos anos noventa esta modalidade chegou a Portugal, e havia na Renault onde trabalhava, um grande grupo de amigos que todos os domingos se juntava para fazer uns passeios na Arrábida, nos trilhos até Sesimbra e regressava, cheios de fome, poeira mas de alma limpa. Ali não se distinguia chefes, subordinados, engenheiros ou operários, era tudo gente das duas rodas. Lembro com saudade o colega Cara Nova, nosso mentor, de quem eu era chefe lá na fábrica, mas ali tinha-lhe respeitinho, pois era ele quem decidia o melhor para o grupo. Penso que terá falecido já. Eu próprio acabei por ter um enfarte montado em bicicleta, mas isso são contas de outro rosário. Sempre apreciei este desporto feito de superação, sofrimento e alegria. Vem tudo isto acerca da Volta a Portugal, que assisto sempre na televisão, e a admiração que tenho por aquela gente que se dedica por tostões, pois ali todos são profissionais, e atiram-se à estrada e às montanhas num esforço diário, num desgaste permanente, dando um exemplo de luta, superação e humildade. Este ano, como no ano passado, Raul Alarcón domina. E não se esconde atrás dos companheiros para estes o levarem ao colo. Tem tido uma posição relevante ganha à custa de trabalho e dedicação. Sendo espanhol, corre por uma equipa portuguesa, o FCP. E dá um exemplo às primadonas do futebol, cheias de mimo, embirrentas logo na primeira contrariedade, exigindo sempre muito dinheiro e um par de botas. Hoje termina, o desfecho é incerto, mas Alarcón já ganhou pela sua força, persistência e capacidade de trabalho. Ainda bem que há desportos que se vencem no terreno e não na secretaria, ou melhor na "tesouraria".

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